O que 2022 me ensinou sobre café
- Isabela G
- 29 de jan. de 2023
- 5 min de leitura
2022 com certeza foi um ano de experiências muito interessantes em relação a café, e quero compartilhar todas elas com vocês nesse post. Lembrando também que quem quiser ter uma visão mais interativa pode conferir meu perfil no Instagram, onde tenho vários destaques e posts.
Abrindo a mente para sensoriais diferentes
Sempre fui da opinião de termos a mente aberta para tudo, a fim de não vivermos uma vida limitada, uma vez que mudamos ao longo do tempo, o que significa que nossos gostos também podem mudar - e que não há nada de errado nisso! A verdadeira maturidade é aquela de admitir quando erramos sem enrolação, e de admitir quando passamos a gostar de algo que antes criticávamos.
No meu livro sobre café comento sobre isso: certas épocas preferimos um determinado método de preparo, e outra hora enjoamos dele. O mesmo vale para os perfis de café. Eu sempre fui uma pessoa de gostar mais de cafés frutados, potentes, "exóticos", de fermentação induzida, acidez alta. Esse ano, no entanto, me surpreendi quando ganhei de aniversário um café com sensorial de caramelo. Confesso que olhei aquele pacote com certo medo e apreensão. Porém, sendo café, eu sempre irei provar e preparar com carinho.
Eis que eu me surpreendi e descontruí tudo que eu achava sobre meu próprio gosto. Aquele café era doce, com muito sabor de caramelo. Eu fiquei fissurada naquele sensorial. Desde então, me propus provar mais cafés com os sensoriais que eu considerava não serem 'do meu gosto usual'. Tive experiências maravilhosas, com destaque para os cafés da Intelligenza que comprei diversas vezes e não me decepcionei.
Nessa jornada confirmei, porém, que em alguns casos existem cafés que tendem a não me agradar muito, como os cafés com sensorial de chocolate. Há algumas exceções para esse caso que irei mencionar mais para a frente no post. É como eu já disse, é uma questão de gosto, pois muitas pessoas preferem café com acidez mais baixa e amargor maior. PORÉM, cuidado! Vários coffee lovers em formação confundem amargor com acidez! Confira esse post e também o meu livro para entender mais sobre isso.
Workshops de degustação e cupping
Em outubro de 2022, tive a oportunidade de participar do evento Café com Pão realizado no Mercado Municipal de Curitiba, em parceria com secretarias do Município de Curitiba, torrefações e cafeterias.
Foi extremamente interessante participar desse evento e poder provar pães (incluindo o melhor panetone que já provei) e degustar cafés. Mas o destaque foi participar de um workshop de cupping, que nada mais é do que a forma pela qual os degustadores (Q-Graders) do mundo do café provam cafés para entender seu sensorial, detectar defeitos na torra, nos grãos, etc. É um método bem simples: basta moer o café em uma moagem que eu considero média-fina e infusioná-lo por quatro minutos. Claro que existe uma proporção envolvida, mas não entrarei em mais detalhes aqui. Essa experiência foi intrigante, pois pude notar como as outras pessoas percebem diferentes cafés, e quais suas preferências. Além de que, provar cafés bem diferentes um ao lado do outro nos permite perceber com muito mais facilidades as nuances de cada um; recomendo que você tente fazer isso em casa.

Caixa advento
Já pensou em provar um café diferente por dia durante um mês inteiro? Eu tive essa oportunidade no mês de dezembro, através de uma caixa advento de café. Caso você não saiba o que é advento, são as semanas antecedentes ao Natal. É uma época sagrada para o Cristianismo, e como vivemos em um mundo majoritariamente capitalista, é uma época na qual toda a festividade é comemorada, principalmente no exterior, através de calendários do advento ou caixas, nos quais a cada dia você ganha uma surpresa diferente, abrindo portinhas ou caixinhas.

Eu fiquei muito empolgada ao descobrir que tinha algo do gênero por aqui e com café! Participei imediatamente. O que eu aprendi foi que: existem aqueles dias que a gente simplesmente não acerta o café, e está tudo bem. É mais fácil aceitar e seguir em frente. Os primeiros cafés da caixa eu não acertei muito bem, mas ainda assim deu para ter uma noção do que eles tinham de potencial. Ademais, a quantidade de 30g de café por dia é limitante: se bobear muito acaba o café rapidinho. Optei por fazer o café na aeropress com uma receita que usa 23g de café. Sobravam uns 7g que funcionavam perfeitamente para um mini-coado.
Algo engraçado durante esses dias de advento cafeinado foi que eu não sabia que um determinado café era um canéfora. Eu estranhei que quando moí ele tinha uma cor mais clara. Pensei que era um café arábica de torra clara, então preparei da forma oposta à qual deveria ter aplicado! O café ficou horrível, é claro. Mas eu ri com a situação.
O que acho legal nesse tipo de experiência (que também vale para os clubes de assinatura) é provar cafés diferentes daqueles que você está acostumado, seguindo a linha do que expliquei na sessão anterior. Nos primeiros dias eu inventei de preparar o café sem olhar as características na cartilha. Como você notou, essa estratégia não funcionou tão bem. Comecei a olhar os cafés todos os dias e ver o que as pessoas davam de feedback deles antes de eu preparar (foi criado um grupo no Telegram). Quase todos os outros cafés saíram saborosos. Um em particular me marcou muito, pois haviam dito que era um café amargo, porém com amargor bom. Fiquei apreensiva, preocupada que o café fosse sair super amargo. Ainda por cima deixei o preparo passar um minuto do tempo ideal. Quando provei levei um susto: que café bom! Amargor de fato bom, um sabor de cacau nibs, com um pouco de morango. Um café sensacional.

Os cafés que eu mais gostei da caixa e que recomendo foram das seguintes torrefações: NET Cafés, Pandora Coffee Roasters, Five Roasters, Sabino e Santa Rita.
Tomando os dois melhores cafés do ano em um dia
A caixa do advento acabou com chave de ouro! O último café se tratava de um tipo de café mais raro aqui no Brasil: um café lavado de acidez boa e que segue a linha de cafés africanos como os etíopes e os quenianos. Era um café da Five Roasters produzido pelo Antonio Rigno. Possuía notas de chocolate branco, doce de laranja e rapadura. Eu fiquei intrigada com esse sensorial de chocolate branco, chegando até a duvidar dele. Porém quando provei o café entendi perfeitamente. Possuía um equilíbrio muito grande de acidez também.
O outro café que foi parar no meu caderno de cafés para recordar foi um da Royalty Coffee (que ao contrário do café acima, ainda está disponível para compra até o momento de publicação desse post). O café é o Del Sant, uma homenagem ao campeão do campeonato brasileiro de Aeropress do ano passado. E assim como o café acima, preparei na aeropress. O café é bem natalino, então combinou perfeitamente com a véspera de Natal. Ele possui um "quê" alcóolico bem interessante combinado com sabor de laranja e melancia. Todo mundo aqui em casa amou esse café e todos tomaram ele com grande prazer.
E você, o que aprendeu sobre café em 2022? Conte nos comentários abaixo! E se gostou desse post, confira esses outros também:























Comentários